domingo, 28 de junho de 2009

Seis anos

Nossa essa aqui sou eu??
Olhando para minha fotografia de dezesseis anos atrás, junto com alguns alunos do primário. Minha antiga professora estava lá no meio de nós, aquela maldita estátua de gelo.
Para uma menina de seis anos os sonhos são coloridos, os filhotes sempre cheiram a leite e xixi na cama sinônimo de castigo perpétuo.
Sempre fui impetuosa. Percebo pela minha pose na foto: Nariz empinado, o queixo levemente arqueado, a mãos na cintura... Eu já era uma autoritária, manipuladora e persuasiva mirim. Mas apesar de toda a postura arrogante eu era também insegura: Tinha um pavor gigantesco de ser ridicularizada. Então botava fogo no circo e saia correndo apenas para observar a devastação.
Eu buscava aprovação o tempo todo. Vivia pra isso.
Sempre estava em meu mundinho particular, conversando com amigos imaginários, beijando a geladeira e vendo borboletas negras pousaram no espelho do banheiro.
Sempre insisti em fazer as coisas do meu jeito, mas minha mãe nunca deixava.
E me tornei exatamente o que sou hoje. Uma mistura de tudo o que dizem por aí.
Isso aqui mesmo e honestamente: Não me importo muito se você não gostar.

Iguais em desgraça

Agora estou me olhando no espelho, medindo meus ossos longos, examinando meu raquitícos membros de alto a baixo. Há um brilho opaco em minhas transparentes lentes verdes.
Tudo a nossa volta é uma bagunça: Livros, meias, latinhas, bitucas, fotos...
Será que eu devo deliniar meus olhos ou realçar meus lábios? , pergunto sem me referir a ninguém em específico..
Na ponta da cama, ela está jogada, brincando com a fumaça do cigarro e me pergunta como alguém soube sobre a noite passada... Faço uma breve pauta sobre a brincadeira do telefone sem fio..
São todos uns cuzões!! Ela braveja.
Imediatamente tomamos nosso remédio noturno, lutando para manter os olhos abertos. Solitárias tentando esticar a balada.
Coço furiosamente meu braço marcado por cortes e arranhões, enquanto vou flutuando até a cozinha limpa e organizada. --- Não tem cerveja!
Me faz uma massagem? Pressione meu rosto querida... Ela me ama.
Após uma hora, já estamos sentadas na calçada, munidas de vodka e cigarro de cravo.
Conversamos, rimos, observamos, calamos, cantamos um refrão perdido... Pronto! Ritual cumprido.
Agora a gente dorme de conchinha para no outro dia , ir trabalhar sem ressaca alguma.
Ela me acompanhará até o fim...

Obrigado amiga.

Daqui a pouco

Não vou forçar uma imagem oposta
Não vou sorrir se eu não estiver com vontade
Não transo sem camisinha
Haverá um evidente alívio quando você disser: Não dá mais querida!
Não vou me cansar, nem fingir que estou desesperada.
Despedidas não me pertubam a alma...
Agora eu só quero beber e dormir sem obrigações e superficialidades.
Seja amigo: Suma e me deixe seguir meu caminho tortuoso e largo.
Deixe-me voar e pousar aonde eu bem entender...

Metade

Minhas coxas doem de novo...
Um teto branco sem estrelas, sinto falta do cheiro do meu lençol e da minha fronha rosa.
Ainda há um criança em mim que acha tudo isso absurdamente estranho, fora do eixo, fora do prumo.
Mas aqui estou eu, escondida atrás de uma maquiagem borrada e um batom vermelho.
Minhas unhas ainda são infantis, mas partes do meu corpo foram cobertas com tatuagens e isso sinaliza minha
"adultice". Adultos são chatos e previsíveis.
Quanto de quanto ainda há em você ?

Ascenção

Sinto um tanto grande de pena. Tua solidão é massacrante para os que a vê...
Tua carapaça é suja, oca, fria... É nostálgica.
Teus planos, demasiadamente miseráveis, escondidos atrás de uma ambição desergonizada.
Há tempos vejo insetos entrando e saindo de sua boca.
Tente um método letal! Não perca tempo!
Será um mês inteiro de luto, mas sem dúvida no seguinte você será lembrado pelo o adjetivo que te define: Covarde!
Irão eternizar teus escritos e teus versos serão repetido veementemente pela as bocas dos mais jovens.
Quando indagados sobre o autor, dirão: É uma frase do Covarde.
Haverá até um hino. E sua imagem será encontrada em milhares de páginas do Google..
Voce será um ícone!
Aguardo com ansiedade sua gloriosa ascenção.

Cenário

Só nós dois ali...
Ao ver meu nome em tua pele, pensei se qualquer outro homem no mundo se entregaria de braços e corpo aberto à uma mutilação, à um pacto, pura insanidade ou qualquer outra coisa que nem Mahabarata saberia explicar...Sorri ao concluir que se tinham ou não já não me importava, por que o meu tinha...
Senti um brilho nefasto em meu olhar... Aquelas quatro paredes era nosso pequeno e encantado mundo. Não precisávamos dar satisfações, explicações, dissimulações ou encarar olhares reprovadores...
Não precisávamos de platéia, nem de aplausos...
Virei-me de bruços.. Eu também queria teu codinome marcado em mim.. Capricho, fetiche ou apenas para mostrar que eu era dele e estava feliz em ser.
Diante de minhas costas, ele estremeçeu...
Quando dei por mim nosso sangue manchava os lencóis, escorria pelo os dedos... Nossos cortes eram desenho abstratos.
Evidências e denúncias de que ali estavam dois amantes movidos à impura paixão e até ela se rendeu ao nosso cenário...
O efeito do alcóol passsou e voltamos lentamente à realidade dos infelizes mortais...

Ele quer ser adulto.
Eu ainda viver...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Para todos os confundidos

Sou cheia de intermináveis contradições... Ora me mostro fria e decididamente sombria, instantes depois agradável e cheia de empatia.
Alguns não entendem meu humor ácido, controverso, franco, chato...
Mas o que eu queria na verdade era ser abençoada com um momento de genialidade, para não ter mais que desnundar minha alma, contando sobre minha própria vida e experiência... Para não ter mais que entediar pessoas receptivas, que me fazem querer continuar a ver o papel e caneta como um divã confortável...
Expulsar meu demônios através das linhas, me exorciza e me sinto melhor.
A natureza confessional dos meus escritos, tem sido já algum tempo criticado por pessoas que sentem atacadas ou citadas de maneira inconveniente. De fato, minha tática deliberada, incomoda, mas fazer o que? É um exorcismo! Consigo tudo nisto...
Outros já questionaram a origem dessa minha brutalidade feminista ora sutil, ora em um outdoor. Explico que só não gosto de meninas fingindo que são frágeis e submissas, por que é mais fácil ou cativante.
Sou realmente bruta, inteligente e assustadora.
Tenho uma aparência medonha: Peso flutuante, unhas roídas e bafo de cigarro. Mas não admito ser censurada , minimizada ou julgada por isso.
Já sou insegura e me sinto o dobro quando me deparo com pessoas desgraçadamente cínicas. Enfim, você não perguntou mais eu falei (falei tá falado..hi)
Justificado, defendido, atacado.
Me sinto leve agora!

G. Clifford Burton

... Nós duas colocavámos fogo nas salas de aula.. Literalmente!
Final de ano, aulas vagas, alunos rumo ao pátio do colégio, salas vazias.
Ela e eu ali, às espreitas... Tudo vazio...
O processo era inteiramente rápido, entrávamos de fininho, arrombávamoso armário, e com alcóol e isqueiro na mão, os livros viravam pó! Do pó, não comento...
Tinhámos o mesmo gosto : Os garotos espalhafatosos e de Nike no pé, não nos interessavam... Gostávamos mesmo daqueles que iam escondidos fumar um cigarro no canto ou beber alguns goles de vinho que traziam em seus cantis, guardados no bolso da jaqueta... Os poucos deles tinham um ar esnobe, superior... Pirávamos!
Por ele erámos chamadas de "lindas" e não de "minas". Vestiam-se com camisetas do Bowie, Janis e Smith. E no fundo eu me sentia envergonhada por gostar em oculto dos Hansons.
Ela era assim: A garota que eu queria ser, a mais bonita, a mais misteriosa, a menos fútil, a melhor amiga...
Ela me ensinou a gostar do perigo, dos caras inacessíveis, dos acordes de um contra-baixo, a comprar coturno um número maior, a se fazer respeitar.
Ela não me ensinou a amá-la menos e suportar a saudade que um ano maistarde se faria intensa que penduraria até este momento...
Para sempre em minha alma...
Para sempre minha irmã amada...

Árvore Pendurada

A vida inteira fui barulhenta, ao ponto de me mandaram calar a boca...
A única razão que eu tinha para ser assim, era por que eu precisava sempre gritar para ser ouvida pela a minha familia...
E por falar nela: O lado da minha mãe sempre foi composto só por mulheres, que viviam no mesmo quintal, alguns homens até tentaram "dominar o território", mas logo foram tragados.E ainda hoje, cinco mulheres, nós apenas.
O lado do meu pai tem muito dinheiro, são racionais e gostam de beber. Todas as mulheres, sem exceção, foram abandonadas por seus respectivos maridos.
Minha mãe é falante, geniosa, idealista e ética.
Meu pai um verdadeiro adolescente sociável.
Eu diria que minha vida escolar sempre foi cheia de " poderia ter feitomelhor" ou "não aproveitou o seu potêncial ao máximo", mas sempre fui a queridinha das professoras: precoçe, eu era chamada por elas!
Hoje: Quero ir para algúm lugar que eu possa explorar o meu limite, ou ir além dele..
Quero ser lembrada por ser boa, má, bonita, feia, sóbria ou bêbada..
Quero ser inesquecível, não precisa ser por muita gente...
Quero apenas ser...
Quero simplesmente ser eu...

Apagão (empatia)

A poucas horas atrás tive um apagão. Sou uma péssima bebedora. É horrível... Simplesmente não sei quando parar.
Numa dessas já acerteiaté meu namorado!
Pra piorar eu me aborreço com facilidade, aí pronto: Mais uma dose, por favor!
Quando levantei, senti braço, perna, testa... Tudo amortecido.!
Pareçe que eu acabei de sair de um desgraçado ralador de queijo, mas eu acho é bom, por que olhando para todas essas marcas, posso me lembrarde como sou completamente idiota.
Eu vario entre uma merdinha e uma peste..
Uma merdinha não tão ingênua.
Uma peste não tão astuta.
Há pessoas maravilhosamente incríveis, que eu adoraria dividir umagarrafa de Label...
Mas como estou sozinha esses dias me contento em lembrar delas e de como me fizeram sorrir, como agora...