quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Que antes eu já conheçia...

Conheci um homem. Eu já o conhecia.
Não que tivesse notado seus cílios curtos nos olhos cerrados.
Não que tivesse notado sua única mão ao volante.
De rabo de olho, notei seu tom de pele e a pouca semelhança congênita.
O 'r' arrastado do seu 'forte'!
A aptidão aos filmes, músicas, filósofos, livros... Todos eles bons.
Bons os teus conhecimentos, discernimentos. E o meu nível, treze a menos.
Silencio então.
Absorvo, para entender teus discursos coerentes e me fogem as palavras.
Fica minha admiração pelo o mar de Ubatuba e o cheiro do teu cigarro de cravo.

Se me perguntares...

Eu sou do extremo.
A que chora.
A que grita( mesmo que por dentro!).
Eu sou transparente, de veias quentes.
A irracional que se arrepende.
E sou das letras, dos pulsos cerrados, dos pés inchados.
Eu sou apaixonada, não por ele ou ela, mas pelos o banhos quentes e sufocantes.
Eu sou a que se interessa nos recheios da rotina.
Eu sou aquela previsível e estável.
Eu sou quem ninguém gostaria de ser por não saber exatamente a essência.

Mara gabrili pergunta, eu respondo.

E se

1- E se você estivesse no mar azul do Caribe, com a pessoa que mais ama?
- Observaria o mar silenciosamente.

2- E se agora fosse meio dia?
- Pouco importa.

3- E se você tivesse anorexia?
- Permaneceria magra.

4- E se estivéssemos em 1.945?
- Tomaria cerveja aos invés de vodka.

5- E se tocasse "Wave' com João Gilberto?
- Escutaria atentamente.

6- E se pudesse voar por 30 minutos?
-Enjoaria.

7- E se você ouvisse a voz do Bono Vox do U2 sussurrando I love you?
- Responderia : But, I no!

8- E se você estivesse agora na cama de um hospital público?
- O que sempre fiz: Diazepan, por favor?!

9- E se você não pudesse ler?
- Enlouqueceria!

(Adaptado: TPM, Outubro 2002. Mara Gabrili)

Abomináveis

Lendo e relendo (saboreando e lambendo os dedos)o texto de João Emanuel de Carneiro, à Veja em 2002, identifiquei-me com sua epopéia ensimesmada.
Ele cita e inspira-se em um textinho revoltado (1960) de Paulo Mendes Campos, onde o autor evoca tudo o que se pode ser considerado abominável.
1960,2002,2010. Ele, o outro, eu e talvez até você, leitor! Ah, figura machadiana!!!
Adapto então, para risinhos e aceitações (ou não!), as coisas mais abomináveis, com linguagem esdruxula e percepção individualista, segue:

Mulheres que falam mais do que dois palavrões por dia.

Os caos da saúde pública: A falta de mácas, higiene (falta dela), doutores estressados (também pudera!), bancos duros de espera, as horas a fio, as senhas intercaladas, as filas absurdas.

Gente que viaja à Austrália, Canadá, Japão, Londres, Alemanha o (último que viajou à esta última, me confidenciou o fim da ilusão) e voltam semelhantes aos gringos: Querem plumas e aplausos! Porque? Para que? Prefiro Lençóis Paulistas e me torno mais perfeita.

Pessoas que esqueçem que teve, tem e terá sempre no dicionário o 'Obrigado, por favor, desculpe' e que eles podem ser sem dificuldade, transferida do papel para suas bocas.

Drogas (de qualquer espécie, cor ou cheiro!) Se você está agora com esse cafézinho ai na xícara, desculpe-me, ele é abominável.

Roncos, Radial Leste, ressaca.

Mensagem de operadora pedindo pra recarregar o saldo até x data, antes que a linha seja cancelada! (Ameaçador, não?!)

Macarrão com feijão.

Insônia.

O clichê: "Tudo vai ficar bem, você vai melhorar, logo passa, blá, blá, blá". Quero ver quem diz: "Mas que merda hein?!! Vou te ajudar enquanto tudo não fica bem, enquanto tudo não melhora, enquanto tudo não passa!".

Médicos peritos da Previdência Social aliás, todos os médicos peritos, segundo fontes).

Grilhões nos tornozelos (no caso desta autora, gases e ataduras).

Tinta de cabelo entranhado na ponta dos dedos e sob as unhas.

Aparelho nos dentes (Não é bonito, incomoda, tem manutenção e fica nojento após cada refeição! Club Social, nem pensar! Urgh!)

É abominável quando o Jô Soares diz: E assim termina mais um programa do Jô, beijo do gordo! (Um vazio pós..).

Adolescentes.

Putas da Augusta.

Felipe Dilon.

Mudar de casa.

Repercussão afoita de futilidades.

Imprensa marrom e sensacionalista.

Gabarito de prova, definitivamente preencher aquelas lacunas minúsculas é um saco, mas não mais que o "Todas as alternativas anteriores", que te põe numa sinuca de bico. É de apavorar!

Fotologs: ás vezes seu dia não é interessante às outras pessoas... O que você comeu, com quem falou, onde foi... Sugiro à estes seres que escrevam-se em algum Reality Show.

Ouvir conversa alheia e vice-versa.

Procurar vaga em estacionamento e/ou praça de alimentação de Shopping center.

Entrar no provador com oito peças de roupa e sair dele com as mesmas, por que nenhuma ficou boa.

Esperar carregar vídeos no youtube.

Nada ou muita coisa pra fazer.

Os episódios SEMPRE repetidos de "Todo mundo odeia o Chris" (isso inclue a irmã dele!)

Açougue, padaria, drogaria, lava-rápido, ou qualquer outro estabelecimento com o nome de do bairro onde se localizam.

Músicas (qualquer que seja!) no viva-voz em transporte público (será que fone de ouvido está em extinção e não me avisaram??)

Gerundísmo. Apelidos Cafonas.

Crianças mimadass e birrentas (e alguns adultos também!!!)

Pais submissos, omissos, permissivos e complacentes.

Aluguéis, favelas, traficantes, juros, eleições.

Espinhas, pé gelado, colchão duro, horário de verão.

Procurar, esperar, telefone, injustiça.

Pessimismo.

Ao contrário do seu Emanuel, não prometo escrever sobre as coisas maravilhosas da vida no planeta [...]

sábado, 6 de novembro de 2010

Sob outro jazigo

Será necessário estar como eles ou no meio deles?
Gosto daqui.
Anjos imóveis me observam.
Passáros pousam nos galhos das árvores e cantam melancólicos.
Folhas secas dançam pelo o chão, lembrando o barulho de passos (ás vezes me assusto..)
Ameaça chover (isso tem sido constante...)
O céu cinza e sem nuvens, ainda não constrastam com as cores das flores e o ferrugem das maçanetas.
o líquido da garrafa já está quente e mortos somos nós que ainda estamos vivos...

(Março, 2010 - Sobre o Jazigo : Família Arnaldo Ramos)