quarta-feira, 29 de abril de 2009

Não sou !

A escrita é a única forma que encontro de ser totalmente honesta, tanto, a ponto de não querer apresentar algumas, por serem fortes demais.É tudo autobiográfico. Desabafo. Terapia. Vômito. É apenas isso, sem outra finalidade.
Não sou uma pessoa moral, mas insisto que todos deveriam ser éticos. Cada a um a sua própria maneira, mas que fossem.
Acredito que na impossibilidade de se realizar o amor sublime, posso simplesmente preferir a morbidez de um copo de um alcóol qualquer, de uma música que me conduza ao isolamento e por fim pensamentos sátiros que gosto tanto.
E eu não me importo em ter períodos de mente atormentada, devastação íntima, e cortes no pulso. Sendo períodos, está tudo bem...
Não que eu seja uma neurótica que se compraz na dor, na raiva e na magóa que não cede. É que eu detesto ver as pessoas fingindo que são alegres, fingindo que se amam, fingindo que são as melhores em tudo, fingindo que possuem as melhores mães...Eu não sou assim ...

By Tatiana.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Palpite

Quando se escreve sóbrio, percebe-se nitidamente que as palavras se montam, se juntam, e não saem inteiramente sinceras.
Você imagina o que vão pensar, o que vão achar, se vão gostar, se não vão, até cogita a idéia de plagiar, se inspirar...
Por isso que achei péssima todas as suas crônicas... Você tenta demonstrar honestidade, tenta demonstrar estar sendo você mesma, e que se "foda o resto".. Mas apenas tenta por que não consegue...
Sua habilidade para escrita é irredutivelmente inquestionável, mas falta paixão, falta dor (aquela verdadeira), falta pensamentos ocultos (aqueles de travesseiro..) falta alguma coisa... Suas confusões chegam a ser engraçadas...
Aceita um palpite? : Entre em um bar, escolha a mesa mais escondida, peça uma dose de wisky (motiva a reflexão), observe...olhe tudo a sua volta, as pessoas, as cores, o ambiente.. Olhe para suas mãos.. ascenda um cigarro (aproveite por que após a lei em vigor, você não poderá mais) depois de três doses, começe a escrever, bem devagarinho, não se deve arrancar as idéias à forceps ...
No final, não releia.. Deixe tudo o que escreveu exatamente como está ! Isso é integro ! Poste seus rascunhos... Poste sua essência...Funciona comigo.. Me conta depois se com você também...

By Tatiana.

Beautiful People

Todos os dias de tarde, entro no banheiro lá da empresa, subo em cima da privada, e ponho a cabeça pra fora da janela...
Fico esquivando o olhar dos prédios, pra olhar para as pessoas, todas tão pequeninhas, mas tantas...
Nomes, idade, endereço, estado civil, aids, vicio, santidade (nenhuma)..
Gosto de todas as pessoas..
Gosto por que estão longe..
Gosto por que não me vêem...
Gosto por que elas deixam o cinza,colorido... Só por isso...

domingo, 5 de abril de 2009

Patética

Te acho uma boneca desconcertada.. Tão frágil...Mas gosto de você...
E honestamente eu transaria com você, e no final de nosso orgasmo pediria um trago dessa coisa que você carrega aí no bolso...
Você é linda de perfil, mas vista de frente chega a ser medonha..
Tive uma idéia: Podemos neste momento dividir uma garrafa de wisky enquanto você canta pra mim...
Conheço teu vazio...E me surpreendo ao saber que você enviou flores ao presídio...Não precisava disso, você sobrevive sem ele..
E os outros com quem você foi vista? Ele não gostou nenhum pouco..
Olhe para o seu dedo anelar esquerdo? Onde está sua aliança?
Procure no ralo do banheiro...
Fico imaginando como você encara os que te ouvem. Todos iguais ! Você disse.
Você não costumava se abalar.. Mas quando seu marinheiro partiu, eu te vi sensível, magra, fria e só..
Bebia demais... Parabéns : É assim que se faz !
Vou sentir saudades quando partir e me deixar apenas com tuas lembranças.

By Tatiana.

Desesperados

Estou num bar agora...
Do meu lado direito um pouco a frente há um rapaz de vinte e dois anos recém completados
(me pergunte como adivinhei..), dormindo, com a cabeça em cima dos braços pousados sobre
a mesa... Seguindo suposições: Ele bebeu todas e não consegue, apesar do esforços, lembrar o caminho de casa (ou talvez não queira voltar para lá), então ele vai permaneçer imóvel, até que
os passarinhos começem a cantar.
Do meu outro lado a esquerda: Um senhor que prepara as refeições que são servidas, e tenho quase que absoluta certeza de que ele daria um dedo por um pedacinho do bife que ele mesmo frita... Recebeu ordens expressas de trazer sua própria marmita... Ele não trouxe e está com fome.. e com uma puta raiva, por que na noite anterior ele pegou a vaca da mulher dele na cama com um cara mais feio e mais jovem...
Mais a frente um trabalhador feudal que com dois goles termina a cerveja de cada copo. Ele quer esqueçer que em casa tem uma mulher lhe esperando com cheiro de alho nas mãos, embora a carne moída dela seja a melhor que ele já provou e que nenhuma outra mulher no mundo saberia fazer igual, nem a carne, nem o cafuné... Concluindo isso, levanta, paga as garrafas e sai cambaleante..
Na mesa central, dois senhores que jogam conversa fora, falam e gesticulam de forma pomposa.. Um deles enruga a testa como se surpreendesse com algo que acabou de ouvir , mas que na verdade não entendeu merda alguma.O outro se pergunta, qual outra idéia poderia deixar o amigo mais admirado, mas ele lembra que já tinha esplanado toda a coluna do jornal que havia lido pela a manhã e que dele mesmo não tinha nada de interessante que rendesse mais dez minutos de atenção exclusiva... Chegou a conclusão de que estava bêbado e não entendia nada, nem ele nem o seu colega idiota que observava o copo silencioso. Com a gravata frouxa, pagaram a conta e foram embora..
No caixa, tem o filho do dono, que vira e mexe ascende um cigarro, observa a fumaça pensando que não era exatamente a herança de um boteco que ele esperava receber..
Num cantinho esqueçido, escondido, tem uma menina sozinha, bebendo cerveja de garrafa, com um curativo na cabeça, um cigarro na boca, escrevendo tudo o que você leu agora...

By Tatiana.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Dead Butterfly

Ela viu no Adeus, a última chance de não ver o Amor morrer.
Quando se viu só em um quarto familiar, olhou para trás, pesou o que a trouxe de volta para ali e concluiu que era pouco demais comparado ao tamanho da força gigante que tinha e do amor que á tempos estava sobrevivendo sozinho.
Todos as noites ia dormir chorando, todos os dias acordava petrificada. Não comia, não sorria, não falava...
Começou então sua busca: Capturar e matar borboletas!
Queria entender qual era a sensação que sentia o outro caçador...
Após o massacre de todas as manhãs, tomava banho, se arrumava sem vaidade, ia trabalhar, comia, sorria, falava... (chorava escondida no banheiro).
Quando voltava, segurava uma mão que não queria segurar, mas que acabou se acostumando enfim...
Quando voltava,via bancos laranjas que não queria ver, mas que acabou se acostumando enfim...
Quando voltava, sentia uma solidão amarga, que não queria sentir, mas acabou se acostumando enfim...
E assim, foi vivendo até o dia em que reencontrou com o caçador, e ele matou tudo o que ainda restava...

By Tatiana