domingo, 2 de outubro de 2011

Desencontros

Ela sentiu seus joelhos doerem. Devia ser o salto.
Ela queria a esmola, ela poderia tapar o buraco. Ela tinha aptidão para ser a outra.
Que outra opção ela tinha por fim?

Ela queria ficar em paz, nem que fosse por dez minutos (seriam dez minutos dedicados apenas para ela.
Ela queria estar despreocupada, queria estar sem pressa , queria ver as pessoas silenciosamente, queria estar segura, queria não ter medo dos outros lá fora, ferozes lá fora. Queria também que o seu sorriso fosse aceito, fosse retribuído.

Era tudo (ou nada) que pensava enquanto caminhava naquela noite pelas as calçadas de uma rua famosa por sua boemia. As vozes que saiam dos bares a ensurdeciam e pareciam querer ocupar espaço exclusivo na mente confusa dela.

Não quis usar o elevador. Foi de escada. A cada degrau uma nova disritmia.
Ela estava bem. Ela estava sóbria.
Desprentensiosamente , tocou a campainha. Serena esboçou um sorriso travesso, quase imperceptível. Na terceira vez , uma gota atrevida ameaçou cumprimentá-la naquele instante, mas não foi aceita.

Instalou-se o silêncio da pesca.

Ele estava ausente. Não muito diferente de quando estavam juntos corporalmente.

Com um conselho cético, a mal-amada razão a puxou bruscamente de volta e berrou: "Esqueça-o! Vá embora!"
Ela a ouviu. Que outra opção ela tinha por fim?

Sentiu a extrema vontade de ganhar um abraço, daqueles longos, quentes, ingênuos e compensadores.
Sabia que não teria para ela um prato de lentilhas, então optou por quatro doses de Martini de maça. Que outra opção tinha ela por fim?

Dormiu na casa da melhor amiga, após ter lhe contado brevemente o caso.

Naquela mesma noite, ele também tocou a campainha. Naquela mesma noite ela também estava ausente. Naquela mesma noite os dois tomaram um porre. Naquela mesma noite ambos ouviram a voz da razão.

Não se viram nunca mais.

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